sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Leve me             

Me leve pra outro, pra outro lugar.
Me leve pra onde eu não saiba voltar
Onde o sol vai ser um ponto no infinito
Onde Deus vai duvidar que eu existo.

Me olhe de perto e o que vai encontrar
Meus dentes, minha cor, nada vai importar  
Eu vou pra longe desse mundo tão doente
Dessa pressão de ser mais um de sangue quente

E na manha em que as estrelas vão cair
Eu vou sair pra ver o mar
E as noticias que reprisam na TV não se não conta
Do que está pra acontecer
E na manha em que as estrelas vão cair
Eu vou sair pra trabalhar
As noticias que se escondem de você não se dão conta

Do que vai acontecer 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sem Volta



Você deixou a sua mãe quando pegou aquele ônibus
 Com destino a capital
Você deixou de ser quem era pra sonhar com novos sonhos
Diferentes do jornal
Fotografias de outros tempos se perderam já sem cor
Penduradas num varal
E as fantasias que usou já não te servem não te cobrem
Agora é outro carnaval

Mas por dentro você é o mesmo
Que perdeu os dentes e teve medo de sorrir
E por dentro você se sente o mesmo
Que ficou doente e pensou em desistir

Você deixou o seu pai quando entrou naquele trem
Que não voltou pra estação
A paisagem embaçada você saiu com as mãos molhadas
Você não coube mais ali
Você deixou de ser quem era e virou aquela pagina
Aquele livro não tem fim
Tomou coragem, tomou folego e entrou naquele ônibus.
Você soube resistir

E agora você é o mesmo
Que perdeu os dentes e teve medo de sorrir
E tanto faz se você é o mesmo
Que ficou doente e que pensou em desistir


terça-feira, 5 de maio de 2015

Fôlego


A tempestade se aproxima
E os trovoes denunciam o mal tempo
Deu na meteorologia
Chuva de raiva com rajadas de vento

A tempestade é uma menina
Que dança imaginando a musica
Você segue sua rotina
Atravessando o temporal em silencio

Respirar sem tomar folego
Buscando ar no fundo do mar
Passando imune ao mês de agosto
Esperando o carnaval chegar

Chuva de vento
Falta de ar
Falta de tempo
Agua de mar

Então me diz como matar a sede que se sente
Como medir a profundidade do mergulho
Como ver seus olhos nesse escuro
Como chegar do outro lado desse muro

Então me diz que hora a chuva passa
E não diz que o dia tá sem graça
Por aqui o céu tá muito escuro
Eu busco folego nesse mundo 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Do que me desagrada,
 o que me desaponta
 e me desabona.
Abandona-me.
Ferve-me o sangue
E sinto as veias por dentro queimarem com a circulação
Faz-me culpado por todos os crimes
Desencaminha ainda mais meus sentidos
Meus tornozelos não sabem que caminho seguir
Na verdade eles e todo meu corpo só queriam novamente estar
No alto daquela montanha, onde posso ver tudo.
Mas não vejo nada.

Só sinto o vento. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Escreva

Escreva uma carta
Dizendo o que sente
Que sente Saudade
De ser remetente

Escreva uma carta
Prevendo o futuro
Lembrando o passado
E peça ao presente

Pra ser generoso
no fim tudo é fogo
Que arde no ar
Que queima um mar


Escreva o que quiser falar
E deixa o vento entregar 

Ao destinatário

Escreva sem se arrepender
ninguém fala por você

ninguém tá preocupado

Escreva sem pressa
Não baixe a guarda
Não guarde as armas
Não perca a ternura (jamais)




terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

E eu já sou seu




Quando amanhecer 
E a janela sempre aberta
O sol vem pela fresta
pra festa começar

Um beijo de bom dia
o sono ainda fica 
começa devagar 

Antes de abrir os olhos
já sinto seu abraço 
Eu vou morder seu lábio
eu vim pra te encontrar  

Vou te abraçar essa noite
vou me perder no seu cheiro 
vou mergulhar 

Vou te acordar com meu beijo
vou bagunçar teu cabelo 
te namorar 

E é só pra te lembrar
eu te escolhi no passado e desde a vida passada 
eu já sou seu.